Não sou muito chegado a novelas, não. Mas também não tenho nada contra...
Esta semana, confesso que fiquei emocionado ao assistir o casamento às escondidas dos personagens Ravi (Caio Blat) e Camila (Isis Valverde), na novela Caminho das Índias.
A cerimônia, apesar de improvisada, foi muito bonita, cheia de simbolismos, e eu adoro símbolos... Acho que são um jeito especial e universal de comunicação com os outros e com Deus.
Mas o que mais me chamou a atenção foi um juramento feito pelo casal: “Eu te quero, e te aceito como tu és...”
Juramentozinho difícil este, hein? Não só no casamento, mas na vida como um todo. Estamos sempre querendo que os outros sejam do jeito que nós achamos que é melhor.
“Fulano fala muito alto”; “Ciclano é muito quieto”; “Tal pessoa se veste mal”; “Não sei quem tem brincadeiras sem graça”, e por ai vai...
Lógico que é normal que tenhamos mais afinidade com algumas pessoas do que com outras, mas isso é muito diferente da mania de querer moldar as pessoas ao nosso gosto.
Aceitar o outro como ele é exige um exercício diário de respeito e de valorização do diferente. E para valorizar o que é do outro, temos, obrigatoriamente, que desvalorizar um pouco o que é nosso. Eu tenho que abrir mão do valor absoluto que coloco nas minhas coisas, para poder valorizar as coisas dos outros.
Não se trata, porém, de se neutralizar e ser submisso, o que é muito diferente de aceitar o outro. A diferença, apesar de grande, se faz num limite muito tênue, muito sutil, e às vezes difícil de administrar...
E não fomos treinados pra isso! Sim, pois se trata de algo aprendido, de um aprendizado social.
Somos considerados um povo tolerante. Isso é bom, mas também é campo fértil para as hipocrisias. Muitas vezes a suposta aceitação do outro como ele é acontece apenas numa máscara, numa posição social de fachada.
É preciso aprender e ensinar uma outra forma de se relacionar com o diferente. Uma abertura sincera e profunda ao que é novo e estranho, pode ser desagradável de início, mas também pode se transformar numa das mais gratificantes experiências de nossa vida.
É como usar um sapato novo. No começo pode até machucar o pé. Porém, somente depois de enfrentar esta fase é que aproveitamos de verdade a nova aquisição.
Quando nos abrimos de verdade, e mergulhamos respeitosamente no mundo do outro, coisas maravilhosas podem acontecer.
Não assisti à cena da novela que você destacou. Mas, realmente, aceitar as pessoas como elas são, sem que isso signifique submissão, é exercício de sabedoria de vida. Difícil... aiii... muito difícil... justamente, porque não fomos conscientizados disso, pela vida afora. Acostumamo-nos a apontar (ou acusar com) o dedo, sempre... Aliás, não é um exercício de poder (sádico!) descobrir e apontar os defeitos dos outros? Adorei seu pensamento, tanto este, quanto seu comentário-poema postado no meu blog. Muito obrigada. E, agora, serei sua "seguidora".
ResponderExcluirBeijos, Sílvia Mota.
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