sexta-feira, 15 de maio de 2009

Eu te quero, e te aceito como tu és...

Não sou muito chegado a novelas, não. Mas também não tenho nada contra...

Esta semana, confesso que fiquei emocionado ao assistir o casamento às escondidas dos personagens Ravi (Caio Blat) e Camila (Isis Valverde), na novela Caminho das Índias.

A cerimônia, apesar de improvisada, foi muito bonita, cheia de simbolismos, e eu adoro símbolos... Acho que são um jeito especial e universal de comunicação com os outros e com Deus.

Mas o que mais me chamou a atenção foi um juramento feito pelo casal: “Eu te quero, e te aceito como tu és...

Juramentozinho difícil este, hein? Não só no casamento, mas na vida como um todo. Estamos sempre querendo que os outros sejam do jeito que nós achamos que é melhor.

“Fulano fala muito alto”; “Ciclano é muito quieto”; “Tal pessoa se veste mal”; “Não sei quem tem brincadeiras sem graça”, e por ai vai...

Lógico que é normal que tenhamos mais afinidade com algumas pessoas do que com outras, mas isso é muito diferente da mania de querer moldar as pessoas ao nosso gosto.

Aceitar o outro como ele é exige um exercício diário de respeito e de valorização do diferente. E para valorizar o que é do outro, temos, obrigatoriamente, que desvalorizar um pouco o que é nosso. Eu tenho que abrir mão do valor absoluto que coloco nas minhas coisas, para poder valorizar as coisas dos outros.

Isso requer humildade para reconhecer que os outros também são capazes e também possuem os seus pontos de vista.

Não se trata, porém, de se neutralizar e ser submisso, o que é muito diferente de aceitar o outro. A diferença, apesar de grande, se faz num limite muito tênue, muito sutil, e às vezes difícil de administrar...

E não fomos treinados pra isso! Sim, pois se trata de algo aprendido, de um aprendizado social.

Somos considerados um povo tolerante. Isso é bom, mas também é campo fértil para as hipocrisias. Muitas vezes a suposta aceitação do outro como ele é acontece apenas numa máscara, numa posição social de fachada.

É preciso aprender e ensinar uma outra forma de se relacionar com o diferente. Uma abertura sincera e profunda ao que é novo e estranho, pode ser desagradável de início, mas também pode se transformar numa das mais gratificantes experiências de nossa vida.

É como usar um sapato novo. No começo pode até machucar o pé. Porém, somente depois de enfrentar esta fase é que aproveitamos de verdade a nova aquisição.

Quando nos abrimos de verdade, e mergulhamos respeitosamente no mundo do outro, coisas maravilhosas podem acontecer.

sábado, 9 de maio de 2009

Dia das Mães...


Então chegamos ao segundo domingo de maio: Dia das mães! Se fosse agosto, seria Dia dos pais. Se junho... Dia dos namorados. E por ai vai...

Dia disso, dia daquilo... É tanta data comemorativa que se a gente tiver um bom calendário vai ver que quase não sobram dias comuns.

Muito já se falou sobre todas estas datas. Homenagens, poemas. Maravilhosos comerciais de TV. Centenas de cartões nos sites de relacionamento. Aquela história que alguém sempre faz questão de lembrar: “dia das mães é todo dia”...

Eu quase deixo passar em branco. Mas não resisti. Estou empolgado com esta história de blog. Só espero que alguém esteja lendo...

Ao invés de falar das mães, que merecem todas as milhares de homenagens que circulam por ai. Quero propor outra comemoração.

O que acham da gente comemorar o “dia do nada”. Talvez amanhã, segunda-feira... Será que conseguimos fazer do tempo comum algo que valha a pena ser comemorado?

O “ordinário”, como dizemos na Igreja (que não é um xingamento, apenas o contrário do extraordinário), pode ser também especial? “Mas não tem como ter festa todo dia”, muitos dirão. Eu pergunto: porque não?

Lógico que não vamos soprar velinhas e comer bolo com os amigos nos outros 364 dias do ano, espetacularmente chamados de “desaniversdário” pelo chapeleiro maluco de Alice no País das Maravilhas (coloquei ‘desaniversário’ no Google e surgiram milhares de sites!!!).

Mas... Festa se faz só comendo bolo? Que tal beijar sua mãe na segunda-feira, ou fazer uma dancinha com ela, desejando um Feliz Dia do Nada?


Em casa, toda vez que tem bolo, aquele bolo comum mesmo, sem cobertura nem recheio, nós cantamos parabéns. Os adultos estranham, mas depois se acostumam. As crianças, muito mais sábias, não perdem tempo com estranhamentos. Apenas se divertem e disputam pra ver quem vai cortar o bolo.

Já que não é dia de ninguém em especial, todos são especiais e, sendo assim... O bolo acaba super fatiado. Mas isso não tem nenhum problema, afinal: a gente não ia comer ele inteiro mesmo!!!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Pagando Micos...


Você chega na padaria A e elogia o pão da padaria B. A balconista te responde:

- Apesar do meu marido ser o padeiro da padaria B, eu concordo com você...

Ou você vai num tatuador e comenta que cavalo marinho é coisa de gay. Ele discorda:

- Mas eu não sou gay e tenho um! - Enquanto levanta a blusa e mostra um belo cavalo marinho na barriga...

Ouvi estas duas histórias esta semana, da boca de dois amigos diferentes. Trazem o que chamamos de "pagar mico". Situações como esta podem ser muito engraçadas, principalmente se não foi você quem "pagou o mico".


Segundo Regina Araújo, autora do livro "A Arte de Pagar Micos e King Kongs", a expressão viria daquele joguinho no qual quem perde fica com a carta do mico, a única que não tem par, ou pelo fato dos micos serem muito bagunceiros (na verdade o responsável pela fama seria o macaco-prego, aquele macaquinho impertinente do filme Uma Noite no Museu).

Muitos micos, talvez a maioria, só se justificam porque estariam ferindo as 'boas-maneiras'. Dizer que o marido de uma amiga, que é padeiro, não faz pães gostosos seria falta de educação. Ou criticar uma roupa que é parecida com a de quem você está conversando..

Isso seria deselegante? Ou seria verdadeiro? A todo momento temos que omitir nossas opiniões em nome das regras de convivência. As vezes fico pensando se isso não gera hipocrisia ao invés de educação.

Num curso muito especial, que fiz em um sítio em Cotia, aprendi, entre tantas outras coisas, que a forma como opinamos sobre as coisas é tão importante como a opinião em si. Podemos sim, dizer que não gostamos da roupa de um amigo sem ser agressivo com ele. E aquele mesmo padeiro não vai avaliar a sua receita se todo mundo ficar elogiando (enquanto compra na padaria vizinha).

No mar de hipocrisia e falsidade em que vivemos, ser verdadeiro sem ser agressivo é uma qualidade e tanto! Todos valorizamos a opinião de algum amigo porque sabemos que ele vai falar a verdade. Se o 'fulano' elogiou, então é porque está bom mesmo.

E se o amigo verdadeiro souber criticar com delicadesa, sem nos magoar... Melhor ainda, não é?

E você? Já pagou algum mico? Quer contar para os leitores do blog, nos comentários? Se você conseguiu rir do próprio mico, parabéns... Pagar micos é uma característica normal de qualquer ser humano, já ter bom humor...

sábado, 25 de abril de 2009

Esbanjando criatividade...



Criatividade é um dos assuntos pelos quais sou fascinado... A capacidade que as pessoas tem de relacionar as coisas de maneiras inovadoras é infinita. E a publicidade, não é novidade nenhuma, dá um show.


Dêem uma olhada neste comercial de máquina de lavar... Mas antes ligue o som e chame a família toda... Eles vão adorar...

Só mesmo alguém que mantém vivo o olhar de criança seria capaz de ter uma idéia assim. Como diz o Rolando Boldrin numa de suas músicas: "O raiar do sol é o mesmo (todo dia) e o segredo está no jeito da gente olhar". Criatividade é isso, é ver o comum com um novo jeito de olhar. Espero que gostem.


quinta-feira, 16 de abril de 2009

No calendário, foi páscoa...

(Quero inaugurar meu blog falando de Páscoa.)

No calendário, pelo menos no calendário judáico-cristão, domingo passado foi Páscoa. Mas eu não aprendi assim... Do jeito que eu aprendi, continua sendo Páscoa.

É Páscoa quando a vida vence a morte... E isso acontece todos os dias...

É Páscoa quando a mãe amamenta o filho...
Quando a flor desabrocha no jardim...
Quando a água brota fresca e límpida na fonte...

É Páscoa a todo momento.

Você escolheu perdoar ao invés de ferir? Então é Páscoa!!!
Pediu desculpas pela agressão feita? Páscoa!
Reatou com o amigo com quem brigou depois de anos de amizade? Páscoa de novo!

Se uma criança volta à escola... É Páscoa.
Quando um jovem consegue superar o vício? Lógico!!! Páscoa!!!
Páscoa também (e que Páscoa), quando saciamos a fome ou sede de alguém, sejam elas quais forem...

A cura de uma doença? Física ou mental? Páscoa...

Páscoa se dou uma gargalhada... Se rolo na grama com a pessoa amada... Se brinco com mangueira em dia de calor, correndo feito criança...

É Páscoa, quando minha mãe faz bolinho de chuva...
Quando a família ou os amigos se sentam ao redor da mesma mesa...
Jogar bola na praia? Se não tiver briga: É Páscoa!!!

Quando a avó lê histórias para a neta dormir é uma Páscoa suave... Bem diferente da Páscoa estridente e molhada de criança pulando na piscina...

Tem Páscoa a dois... Romântica... Carinhosa...
Páscoa com o cachorro, com o vizinho... Tem Páscoa até sozinho...
Eu e um bom livro? Sentado na varanda enquanto as crianças dormem?
Que delícia de Páscoa...

Tem sempre alguém perto de você, para quem você pode ser a Páscoa...

É Páscoa quando a vida é mais forte que a morte!
A morte diária, invisível, que nos enfraquece, embrutece, esvazia...

É Páscoa todo dia, toda manhã... Quando a luz vence a treva da noite, nos lembrando em silêncio que é possível ressuscitar diariamente...
Hoje, amanhã, depois, depois, depois...

Façamos todos, Felizes Páscoas Diárias!